quinta-feira, novembro 14 2024

Após celebrarmos a vida e obra de David Bowie na última sexta (8), quando completou 69 anos e lançou o aguardado álbum “Blackstar”, hoje despertamos com a triste notícia de sua morte. Em comunicado oficial na fan page do artista, é informado que Bowie lutava há 18 meses contra um câncer. A repercussão de sua morte compartilha sentimentos de pesar, mas especialmente, os de agradecimento por instigar e influenciar gerações de artistas.

Major Tom, Ziggy Stardust, Aladdin Sane e tantas personas que Bowie idealizou para expressar seu olhar sobre o mundo que está aí, mas também para criar novas perspectivas, ajudaram a criar o mito. Apesar de ter declarado em entrevistas que não se considerava um rockstar, o camaleão influenciou o gênero na estética visual e sonora. Por outro lado, rotular sua obra era no mínimo imprudente, pois não havia graça em se prender às barreiras de um único gênero.

Bowie flertou com a soul music norte-americana, com o eletrônico do Kraftwerk, com a música pop. Foi cult e massivo, e depois recluso, alimentando esperanças de uma turnê, o que infelizmente não se concretizou.

Seu último trabalho mostrou que Bowie ainda estava afiado. Os vídeos de “Blackstar” e “Lazarus” são reflexos da mente prolífica e inquieta, que guiou toda a sua trajetória, e ainda hoje, em que tudo parece ser vanguarda, ele conseguiu se manter a frente do seu tempo, com a classe de sempre. Será fácil cair na tentação de encarar “Blackstar” como uma espécie de réquiem, mas celebremos o seu legado, que continuará a inspirar e fascinar os entusiastas da música mundo afora. Descanse em paz.

ARTISTA COMPLETO

“Lazarus” também era o nome de um musical da Off Broadway que contou com a colaboração do artista inglês. O espetáculo é descrito como uma sequência surreal ao seu papel definitivo no longa “O homem que caiu na Terra”, estrelado por Bowie em 1976.

Artista multifacetado, ícone da cultura pop, o influente cantor, compositor e produtor se destacou no rock, soul, dance pop, punk e na música eletrônica durante sua eclética carreira de mais de 40 anos. Nesse tempo, lançou 25 álbuns de estúdio.

Bowie também tem em sua currículo uma filmografia respeitável. O inglês atuou em cerca de 30 filmes, com destaque para “Apenas um gigolô” (1978) e “Labirinto – A magia do tempo” (1986), “Fome de viver” (1983), além de “O homem que caiu na Terra” (1976).

PERSONAGENS

Em 1969, lançou seu álbum “Man of words / Man of music”, que contou com “Space oddity”, uma canção comovente sobre um astronauta, Major Tom, em uma espiral fora de controle. O avanço artístico de Bowie veio em 1972 com o álbum “The rise and fall of Ziggy Stardust and the spiders from Mars”, que promoveu a noção de estrela do rock como alienígena. Combinando o mod britânico com estilos de kabuki japonês e rock com teatro, Bowie criou o andrógino alter ego Ziggy Stardust.

“Sou um ator, interpreto papéis, fragmentos de mim mesmo”, definiu-se em entrevista de 1972 para a divulgação do disco. O personagem icônico marcou o ápice de seu individualismo libertário, que propunha, sobretudo, a “invenção do eu” e a afirmação do indivíduo frente ao deslumbramento com a corrida tecnológica da Guerra Fria.

‘Sou um ator, interpreto papéis, fragmentos de mim mesmo’
– DAVID BOWIE

Três anos mais tarde, Bowie conseguiu seu primeiro grande sucesso nos Estados Unidos com a música “Fame”, do álbum “Young americans”. Em 1976 o disco “Station to station” alcançou o terceiro lugar na parada americana de sucessos.

Em suas composições, o artista escrevia, acima de tudo, sobre ser um estranho, um forasteiro: ele já se posicionou como um alienígena, um desajustado, um aventureiro sexual e um astronauta distante. Sua música sempre foi vista como uma mistura mutável, com elementos de rock, cabaret, jazz e o que ele chamava de “plastic soul”.

Ele também soube captar os dramas e anseios da vida cotidiana, o suficiente para lhe garantir algumas lideranças nas paradas pop, como no hit “Let’s dance”. Entre outras canções memoráveis de Bowie estão “Let’s dance”, “Space oddity”, “Heroes”, “Changes”, “Under pressure”, “China girl”, “Modern love”, “Rebel, rebel”,”All the young dudes”, “Panic in Detroit”, “Fashion”, “Life on Mars” e “Suffragette city”.

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About Author

Tatiana Vargas

Tatiana Vargas, bacharel em Estudos de Mídia pela UFF. Trabalhou com pesquisa e seleção musical para rádio e TV, além de ter passagem por agência especializada no atendimento a clientes do segmento de entretenimento. Atuou como repórter na editoria de cultura, com ênfase em música, cobrindo shows e importantes festivais como Circuito Banco do Brasil e Lollapalooza. Atualmente, é repórter no Coletivo Zimel.

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