sábado, setembro 21 2024

Em sua primeira passagem pelo Brasil em quase vinte e cinco anos de banda, os texanos do At the Drive-In desembarcam cercados de ansiedade. Também pudera, os americanos são um dos grandes expoentes do post-hardcore e uma das bandas alternativas mais influentes dos anos 2000. Sem bandas de abertura e apenas com algumas mensagens do Queremos! (que organizava o show), o palco era todo da banda principal. Um pequeno atraso fez com que a expectativa da banda subir ao palco só aumentasse.

Eis que pouco depois das 22h30, o At the Drive-In surge no palco com uma intro devastadora e colocando fogo nos presentes com a trinca “Arcarsenal”, “Governed by Contagions” e “Lopsided”. A apresentação da banda é enérgica e calorosa, sem deixar de ser eficiente. Cedric Bixler-Zavala mostra toda a sua afinidade com o palco entregando uma apresentação carregada e violenta em um sentido positivo. Entre as poucas falas do vocal, uma delas foi sobre resistência em tempos políticos difíceis e sobre “presidentes idiotas”, seja aqui no Brasil ou na terra natal da banda, os EUA.

Omar Rodriguéz-Lopéz e Jim Ward mostram uma ótima química nas guitarras. Entre backing vocals pontuais, a sintonia e a presença deles é de brilho em músicas como “No Wolf Like the Present”, a introvertida, mas também explosiva “Invalid Litter Dept.” e a incrível “Pattern Against User”, que encerra o pequeno, mas bombástico setlist.

É antes da última música, porém, que Cedric Bixler-Zavala faz um discurso emocionado, beirando ao choro, no qual apresenta o line-up original da banda e fala sobre perdas pessoais, vida em família e dificuldade de se estar em turnê com todos os percalços de uma vida paralela e com a realidade batendo na porta e entrando em casa sem ser convidada. Dito tudo isto, o vocal anuncia, entre lágrimas, que o show do Rio de Janeiro é um dos últimos que a banda fará por algum tempo, agradecendo e mostrando sua devoção aos seus companheiros de banda e ao público em geral. Catarse alimentada, é hora de “One Armed Scissor” externar todos os sentimentos guardados por quem estava em cima do palco e por quem estava embaixo também, gerando um turbilhão de emoções que, se as palavras não conseguem exprimir, felizmente a música consegue.

Show encerrado e a perplexidade do que havia ocorrido é perceptível nos olhos de muitos. Um grande e esperado show se encerra com um apagar de luzes que ninguém presente esperava, mas que elevou a importância do ato e fez da apresentação um lugar único. O At the Drive-in expurga seus demônios ao vivo e mostra o por que é uma das bandas modernas mais relevantes para o cenário alternativo atual. Um show intenso para se guardar na cabeceira da memória.

Veja aqui o trecho que Cedric anuncia o hiato da banda.

AT THE DRIVE-IN no Circo Voador
Rio de Janeiro, 17 de novembro de 2018

1- Arcarsenal
2- Governed By Contagions
3- Lopsided
4- No Wolf Like the Present
5- Cosmonaut
6- Invalid Litter Dept.
7- Enfilade
8- Metronome Arthritis
9- Catacombs
10- Napoleon Solo
11- Pattern Against User
Bis
12- One Armed Scissor

Confira a Fotogaleria do Show
Previous

Arch Enemy mostra ótimo poder de fogo no Liberation Festival

Next

Pesquisa indica que brasileiro para de descobrir novas músicas aos 23 anos

Deixe um comentário

Check Also